

O poema que foi selecionado para participar da coletânea, Grandes Escritores da Bahia Vol. 3 foi inspirado no poema, "Morte e vida Severina", de João Cabral de Melo Neto. A coletânea foi organizada pela Litteres Editora de Salvador. O lançamento foi durante a V Bienal Internacional do Livro, no dia 22 de setembro de 2001, no Centro de Convenções da Bahia, na sala José Lins do Rego .
Matador Profissional
Lá na Vila do Condor
Quando se quer encomendar um serviço,
Dificil é identificar pelo nome o matador
Veja eu como me chamo:
Minha graça é Manoel
Filho do seu "Ciço"
Quando pequeno fui Manezim
No tempo de menino fui Mané
E besta por sinal
Hoje sou Né, matador profissional
Dentre outros tantos Manés
Que hoje são Nés
Existentes na mesma Vila
Com a mesma profissão
Deram para me chamar
Né dos Trinta e Seis
Porque na minha família
Os irmãos em número de dezesseis
Deram para andar armados
De revolver calibre trinta e seis
Mas neste mesmo rincão
Existem dezenas de Nés
Armados de trinta e seis
Da cabeça até os pés
Que antes foram Manés
Batizados por Manoel
Na mesma vida sem melhoria
Como então dizer quem fala
Ora a vossa senhoria ?
Vejamos: É Né dos trista e seis
Que matou Damião.
Foi o meu primeiro crime
Só por experimentação
Por assim fiquei conhecido
Mas isto ainda diz pouco
Se existem mais de duzentos bandidos
Que no mesmo regime
Iniciaram a vida de louco
Matando outros tantos Damiãos
Dos quais o nome do Frei
Não os livrou da ocasião
De morrer mesmo na mira
de um calibre trinta e seis.
Fazemos outro apelo
Para saber quem sou:
É Né dos trinta e seis
Que matou Damião
Filho de Seu "Cíço" Romão
Mais ainda diz pouco
Se lá pelo menos mais 200 há
Com o nome de "Ciço"
Em homenagem ao Padre Cícero Romão.
Pense que somos muitos Nés
Na mesma profissão de matador
Com o sangue fervendo nas veias
Sujeito aperreado e azougado, mas venha!
para contratar eu, matador
Diga que quer falar com Né
Que matou Damião, filho de Cíço
Que tem uma orelha "torada"
Pronto, esta é a senha
Se por acaso eu estiver em serviço
Contrate outro Né
Pois se somos todos Manés
Iguais em tudo na vida
Matamos mesmo igual
De balaço ou peixeirada
Numa emboscada ou numa ribanceira
Tudo para nós é lida.
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